quarta-feira, 15 de abril de 2009

E A MORTE PERDERÁ O SEU DOMÍNIO - Dylan Thomas



E a morte perderá o seu domínio.
Nus, os homens mortos irão confundir-secom o homem no vento e na lua do poente;
quando, descarnados e limpos, desaparecerem os ossoshão-de nos seus braços e pés brilhar as estrelas.
Mesmo que se tornem loucos permanecerá o espírito lúcido;
mesmo que sejam submersos pelo mar, eles hão-de ressurgir;
mesmo que os amantes se percam, continuará o amor;
e a morte perderá o seu domínio.
E a morte perderá o seu domínio.
Aqueles que há muito repousam sobre as ondas do marnão morrerão com a chegada do vento;
ainda que, na roda da tortura, comecemos tendões a ceder, jamais se partirão;
entre as suas mãos será destruída a fée, como unicórnios, virá atravessá-los o sofrimento;
embora sejam divididos eles manterão a sua unidade;
e a morte perderá o seu domínio.
E a morte perderá o seu domínio.
Não hão-de gritar mais as gaivotas aos seus ouvidos nem as vagas romper tumultuosamente nas praias;
onde se abriu uma flor não poderá nenhuma flor erguer a sua corola em direcção à força das chuvas;
ainda que estejam mortas e loucas, hão-de descer como pregos as suas cabeças pelas margaridas; é no sol que irrompem até que o sol se extinga, e a morte perderá o seu domínio.



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