domingo, 4 de outubro de 2009

MODELAGEM CRIATIVA: Construção de novas estruturas



E, no entanto, não terá a roupa tão denegrida sua beleza e seu encanto nativos? Não será ela indispensável a nossa época, que sofre e carrega até em seus ombros negros e magros o símbolo de um perpétuo luto? Note-se bem que a casca e a sobrecasaca não têm apensa uma beleza política, expressão da igualdade universal, mas também uma beleza poética, que é a expressão da alma pública um imenso cortejo de papa-defuntos, papa-defuntos políticos, papa-defuntos apaixonados, papa-defuntos burgueses. Todos nos celebramos algum tipo de enterro. (BAUDELEIRE, p.25)


Dentro dos processos de construção de um produto de moda existem vários setores, dentre esses a modelagem é a técnica que desenvolve os moldes das peças, por meio da interpretação de um croqui, modelo, figurino em forma bidimensional ou tridimensional. Conforme Patrícia Mello Souza, esse profissional é o responsável pela mediação entre a criação e a produção das peças.

As técnicas de modelagem utilizadas no setor do vestuário atualmente são: modelagem plana industrial, modelagem gráfica e tridimensional. Entre as preocupações estéticas o modelista está atento também as necessidades ergonômicas na concepção das roupas. De acordo com Grave, em A modelagem sob a ótica da ergonomia, essa responde atendendo a necessidade física e anatômica atingindo a qualidade ideal no vestir, respeitando o conforto e a funcionalidade.
A moulage ou draping, técnica de modelagem em três dimensões que permite desenvolver a forma diretamente sobre o corpo de um manequim, possibilitando vislumbrar modelos mais complexos, capazes de construir formas distintas ao corpo humano.

A moulage induz e possibilita a inovação formal: o estudo da forma é continuamente desenvolvido pela ação escultórica sobre o suporte, que propicia não só a percepção do material têxtil como perfectiva de construção, mas também a apropriação dos elementos da linguagem tridimensional para configurar o espaço contido pelo corpo. (SOUZA, p. 342)

Ainda conforme Souza, a moulage constitui-se numa tomada de partido sobre o corpo, podendo estabelecer vários discursos que transitam entre a aceitação, que molda as formas reais, e a negação que configuram novos corpos. Na moda presente nas passarelas podemos perceber a configuração de formas de “negação”, um exemplo é conforme a Revista Vogue, de julho de 2008, nos desfiles de moda de Milão e Paris para inverno 2008-2009 Nicolas Ghesquiere para Balanciaga, Stefano Pilati para Yves St. Laurent e Raf simons para Jil Sander foram além das técnicas conhecidas por meio da moulage para mostrar uma arquitetura na roupa inovadora, ganhando formas mais dramáticas e estruturais.

As técnicas de construção de um corpo com formas e interferências díspares as linhas da forma humana, estão presente também na moda nacional. Nas coleções brasileiras outono-inverno 2009, Reinaldo Lourenço, Andre Lima, Cori e Iódice foram algumas marcas que desenharam riscos precisos, apostando em dobraduras ou efeitos tridimensionais, dando movimento e imponência à roupa. Segundo Lourenço, sobre o exercício de estilo no texto de apresentação de sua coleção, batizada Metrópole, no São Paulo Fashion Week, transcrito na revista L’Officiel Brasil, número 30 de 200, “é uma nova elegância, a base de simetrias e formas geométricas”.
A exposição Skin+Bones, que ocorreu em Londres em agosto de 2008, trouxe relação entre moda e arquitetura na interferência nas formas cotidiana.

Skin+Bones traz vários exemplos das duas artes em justaposição explicitando assim suas semelhanças. A superfície prata e ondulada do prédio de Selfridges em Birmingham, por exemplo, projeto do escritório Future Systems, foi inspirado nas lantejoulas de Paco Rabanne. Já o vestido de Afterwords, do cipriota Hussein Chalayan, reproduz as linhas das pecas de mobiliário. (VOGUE, 2008 p.122)

A amostra buscava demonstrar que o principal propósito de prédios e de roupas ultrapassa a função de abrigo, trazendo fruição, o que a revista Vogue Brasil definiu como “the wow factor”.




Trabalho apresentado a Universidade Estadual de Londrina como requisito integral para avaliação da disciplina de Modelagem e processo criativo, pós-graduação em Moda: Comunicação e Produto, pelas academicas: Bruna Vilas-boas e Flavia Bortolon

Referencias:
BAUDELEIRE, Charles. A modernidade de Baudelaire. apresentação de Teixeira Coelho; tradução, Suely Cassal. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1988.

GRAVE, Maria de Fátima. A Modelagem sob a ótica da ergonomia. São Paulo: Zennex Publishing, 2004

SALTZMAN, Andrea. O design vivo. In: PIRES, Dorotéia Baduy (Org.). Design de Moda: olhares diversos. São Paulo: Estação das Letras e Cores, 2008. p.305-318

SOUZA, Patrícia Mello. A moulage, a inovação formal e a nova arquitetura do corpo. In: PIRES, Dorotéia Baduy (Org.). Design de Moda: olhares diversos. São Paulo: Estação das Letras e Cores, 2008.p. 337-345

SOUZA, Patrícia de Mello. A modelagem tridimensional como implemento do processo do desenvolvimento do produto de moda. 2006. Dissertação (Mestrado em Desenho Industrial) – Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação, Universidade Estadual Paulista, Bauru, 2006.

Desenho e articulações acesso no site: http://fido.palermo.edu/servicios_dyc/encuentro2007/02_auspicios_publicaciones/actas_diseno/articulos_pdf/A131.pdf acesso em 26 de novembro de 2009.

LOPES, Ana Claudia. De mãos dadas. Vogue Brasil. São Paulo, n. 360, p 122, agosto de 2008.

ANDERSON, Joni. Mistura Fina. L’Officiel Brasil. São Paulo, n. 30, p.28-33, abril de 2009

PASCOLATO, Costanza. Sóbrio e sexy. Vogue Brasil. São Paulo, n. 359, p.81-85, julho de 2008.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Tim²






A revista de moda Harper's Bazaar de outubro compos um ensaio fotográfico com dois icones da imagem Tim Walker (www.timwalkerphotography.com) e Tim Burton (www.timburton.com).



Dica da Amanda!

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

terça-feira, 1 de setembro de 2009

SuPeRmErCaDo dE EsTiLoS



A percepção de tempo e espaço foi acelerada com a passagem para o século XXI, o que o historiador Sevcenko elucidou com a trajetória percorrida pelo público de uma montanha-russa. Conforme o estudioso está se vivendo atualmente a sensação do loop, em que se perde a noção dos objetos aumentando as desigualdades à compreensão de si e do próximo.

Conforme Ted Polhemus, nunca houve maior liberdade em escolher a composição da imagem por meio do vestuário e adornos, não segue-se mais tribos ou o sistema da moda, pode se misturar pecas vários estilos estéticos, ideológicos, artísticos, com peças luxuosas ou populares, compondo visuais singulares, de diferentes épocas e valores econômicos e emocionais.

O consumidor constrói sua imagem com peças selecionadas como em um mercado, como exemplificou Polhemus ao denominar esse fenômeno por Supermercado de Estilo. Essa democratização da moda deve-se segundo o antropólogo a transformação sociocultural da segunda metade do século 20 na qual houve a passagem da concepção de Cultura como algo imanescente unicamente da classe mais alta para uma noção de cultura que hã liberdade de mesclar classe social.

Na busca de uma identidade o sujeito, posto em uma sociedade paradoxal, em que a espetacularização e a massificação provocam angustia e ansiedade, exemplificação encontrada na metáfora do loop de Sevcenko e da efemeridade de Lipovetsky, consome objetos variados descontextualizados.

Referencias:
SEVCENKO, Nicolau. A corrida para o século XXI: no loop da montanha-russa. São Paulo: Companhia das Letras, 2001
LIPOVETSKY, Gilles. O Império do Efêmero – A moda e seu destino nas sociedades modernas, São Paulo: Companhia das Letras, 2003.
POLHEMUS, Ted. Style surfing: what to wear in the 3rd millennium. London:Thames and Hudson, 1996.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Diana no país das maravilhas




Confesso, sempre gostei da estética da fotografia surrealista, fantástica e kitsch, um mundo encontrado somente por Alice em seu país maravilhoso. Entre os fotógrafos de renome está à norte-americana Diana Koenigsberg que tal como Magritte é capaz de fazer chover mais que água.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

O cavaleiro inexistente

Nenhuma voz lhe responde. A armadura não pára em pé, o elmo rola pelo chão. - cavaleiro, resistiu por tanto tempo só com sua força de vontade, conseguiu fazer sempre de tudo como se existisse: por que render-se de repente? – Mas já não sabe para que lado virar-se: a armadura está vazia, não vazia como antes, esvaziada também daquele algo que se chamava o cavaleiro Agilulfo e que agora se dissolveu como uma gota no mar. (CALVINO, p.479)

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Bandas independentes ...


Máxima maringaense: Mais vale 1 banda cover na mão que 2 independentes.
As bandas cantam mal, letras fracas e com péssimas construções musicais, o pior não são elas em si, porque todo mundo pode ganhar uma guitarra do pai e mãe para ser músico, o pior são os fãs, não estou falando de amigos e/ou familiares, mas jornalistas e cults (que não são nenhum nem outro verdadeiramente).... é Jum Nakao as vezes as pessoas não vêem nem o visível.
(link: http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=48313285)